sexta-feira, 17 de junho de 2016

Qualquer um pode fabricar uma máquina Flexográfica?

Vou pegar emprestado a fala do chef Auguste Gusteau da animação da Disney - Ratatui onde ele dizia: Qualquer um pode cozinhar!
Então, diria que sim, qualquer um pode fabricar uma máquina flexo. Pelo menos de banda estreita.
Mas antes que comecem as críticas e os mais “conservadores” dizendo que isso é impossível vamos as condições pelas quais é possível qualquer um fabricar sua própria máquina flexográfica, e pasmem, com boa economia.
Primeiro, é preciso que você tenha lido meu outro artigo: Como uma máquina flexo nasce?, para entender o que é necessidade e conceito.
Hoje, grande parte das máquinas possuem peças, partes e acessórios terceirizados possibilitando uma grande facilidade na montagem (já que muitas são padronizados internacionalmente) e rapidez transformando as fábricas em montadoras, assemelhando-se as indústrias de automóveis.
Partindo-se do princípio que você já tenha lido o artigo mencionado anteriormente construir uma máquina flexo, com as “próprias mãos” é sim possível, mas temos que seguir os passos a seguir.
IMPORTANTE: se você não é projetista, não entende nada de projetos ou não tem uma oficina de usinagem “no fundo de sua casa” como eu tenho, todos os passos a seguir são importantes e a escolha do projeto mais ainda.




  1. projeto – se você não tem habilidade de projetar ou nunca nem viu um software de desenho paramétrico ou abriu um catálogo de rolamentos, esqueça! Compre um projeto existente, há muitas pessoas que desenvolvem ou possuem projetos inovadores e funcionais e comercializam eles em formato DXF, IGES, PDF em CDs ou Impressos, não importa o formato o importante é o conceito. Estes freelances vendem estes projetos para que você possa construir suas máquinas. Eu mesmo tenho alguns aqui de minha autoria;
  2. Lista de peças e partes – os projetos são acompanhados de listas de peças e partes onde estão relacionados todos os rolamentos, acoplamentos, parafusos suas medidas e quantidades, borrachas, mangueiras e suas metragens, equipamentos elétricos e eletrônicos, chapas, tarugos, etc. É a partir desta lista de peças e a de fornecedores que acompanham os projetos que você fará a toma de preços das peças padrão;
  3. Oxicorte / Corte a Plasma – os desenhos das chapas de aço, suas tolerâncias e formatos é fornecido para que você possa “comprá-los” de empresas que fazem este serviço. Elas receberão seus desenhos e cortam nas especificações, revelando o corpo, chassi, estrutura, etc., que compõe o esqueleto da máquina em si;

  4. Barras e tarugos – uma lista de barras, tamanhos e diâmetros redondas ou quadradas é fornecido para que seja adquirido;
  5. Usinagem – é neste ponto que as chapas, tarugos, barras começa a tomar forma, novos desenhos, reescritos sobre os das medidas das chapas ou barras oxicortadas tomam a forma final ou definitiva (ou pré forma para receber outro acabamento ou revestimento). A usinagem incluem serviços de: torno, fresadora, mandrilhadoras (em alguns casos), furadeiras, esmerilhadeiras, etc. Com a oferta de empresas especializadas em terceirização de usinagem, comum em qualquer parte do Globo (no Brasil também é por duas questões – tendência e reflexo da crise), estas empresas são especialistas neste serviço, rápidas e normalmente possuem equipamentos de última geração com precisão micrométrica e laudos de fabricação;
  6. Soldagem – algumas peças necessitam serviços de soldagem para uni-las de forma permanente e forte, as empresas de usinagem em alguns casos fazem também este serviço;
  7. Pintura – serviço pode ser terceirizado com empresas especializadas que fazem pintura a pó, eletrostáticas, poliuretano, entre um universo de tintas com cores e resistências diversas;
  8. Partes especiais – anilox, rolos de borracha, eixos pneumáticos expansivos, curadoras UV, engrenagens, rolos contra pressão e todos estes dispositivos e partes são compradas de empresas especializadas e existem uma variedade incrível de opções tanto de fornecimento quanto de preços;
  9. Montagem – talvez a parte que mais dependa de quem quer fabricar sua própria máquina. A montagem requer espaço, tranquilidade e conhecimento do que esta sendo feito. Reunir todas as peças nos seus lugares é como um grande quebra cabeças, onde se você forçar demais uma parte ou peça pode danificar, se ficar “frouxa” pode se desprender quando a máquina estiver em movimento ai estragos podem ocorrer. Os projetos comercializados normalmente contém visão explodida das montagens e um passo a passo de sua montagem básica.
  10. Elétrica – painéis elétricos montados sob encomenda e eletricistas industriais existem aos montes prestando serviços a custos muito interessantes e com garantias.
  11. Prova e testes – agora é a hora de testar, um impressor seria indispensável neste momento assim como papel, insumos como tintas, dupla face, clichês….

Este é um roteiro bem simples mas com todos os passos principais. Com o projeto em mãos, as “plantas” ou Blueprints como chamam os americanos (termo que deriva das antigas cópias heliográficas que ficavam de cor azul) é possível sim fabricar uma máquina flexo ou rebobinadeira do “zero”.
Há que se ter somente o bom acompanhamento do projetista ou alguém com conhecimentos mecânicos para avaliar cada parte e orientar sua montagem e construção, isso também pode ser “comprado” facilmente.
Você, caso tenha uma oficina com torno, fresadora, entre outras ferramentas de usinagem, poderá até fabricar parte das peças que exijam menos tolerâncias, as mais simples, o restante você pode terceirizar tudo.
Vantagens:
As vantagens de se comprar um projeto são economia no preço final da máquina, maior economia na segunda máquina fabricada que varia de 20% a 25% na primeira máquina e pode chegar até 50% nas demais. Personalização, adequação as necessidades únicas de sua empresa, diferencial e tamanhos ajustáveis a sua realidade de espaço físico, redimensionamento de partes e desenvolvimento de opcionais exclusivos. Formas de pagamento conforme produzir, ou seja, pode-se comprar as peças e partes aos poucos e ir montando.
Desvantagem:
Tempo de execução, se você tem pouco poder financeiro a fabricação pode se estender por anos. Requer um mínimo de conhecimento mecânico para interpretar desenhos ou contratar algum suporte para isso (terceirizar o projetista ou mecânico), necessita dedicação part time (parte do tempo) para compra e negociação de peças e partes. A logística da fabricação, montagem e recebimento das peças deve ser bem avaliada para não ocorrer erros e não se perder dinheiro com transportes desnecessários. Requer espaço para montagem que se no mesmo ambiente da fábrica produzindo acaba por atrapalhar o andamento da produção e da própria montagem.
Conclusão:
Novamente, antes que alguém comente que é loucura ou que é impossível afirmo que não é fácil fabricar uma máquina do zero se você não tiver um mínimo de conhecimento de mecânica ou habilidade para comprar e negociar as peças, mas também não é impossível. Muitos fabricantes de hoje começaram copiando "nua e cruamente" máquinas dos outros, pegaram os modelos existentes e desenharam igualzinha peça por peça do concorrente e fizeram suas máquinas mudando somente a cor.
Agora vale a pena fabricar a própria máquina? Se o projeto for bom, tiver um bom suporte do projetista, dispor de paciência e um pouco de dinheiro para investir é um ideia que pode ser pensada com carinho já que a máquina é dimensionada para sua realidade, empresa e negócio, sendo assim única. Esta mesma máquina fabricada por uma empresa do mercado poderia custar 2 ou até 3 vezes mais.
Por outro lado, se você tem pressa, não tem muito dinheiro nem tempo a investir, não quer ter este “prazer” de ter um produto personalizado e exclusivo, comprar um produto de linha é a melhor saída.

2 comentários:

  1. Tenho interesse em projetos dessas máquinas, caso tenha favor enviar e-mail para sambistasp@hotmail.com

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  2. Também tenho interesse em um projeto! Caso possa me ajudar... gescentercar@gmail.com

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