quarta-feira, 13 de julho de 2016

Custo da produção e venda de um rótulo!

Muitos dos meus clientes de consultoria e treinamento e até mesmo alguns amigos do setor me perguntam o que compõe o custo de um rótulo ou etiqueta e quanto isso representa no preço de vendas.
Bem, isso depende muito de cada empresa, dos insumos envolvidos, da tecnologia do produto final (no caso o rótulo pronto), do nível de exigência de cada cliente e é claro da margem e lucro praticada e os impostos incluídos no preço de venda.
Fora isso, é até bastante simples entender os custos de produção de um rótulo. Vou tentar montar aqui uma receita simples (mas bastante eficiente) do que compõe um rótulo básico e até com um pouco de "extras" para agregar valor ao mesmo, vamos lá:

O que devemos cobrar - sempre, em 100% dos casos, salvo claro o serviço de cortesia ao cliente, cobramos toda a matéria prima envolvida na produção e os impostos. Isso independente de cobrar a hora máquina, custo de fabricação e agregar nosso lucro, os impostos e a matéria prima são cobrados em sua totalidade, sem descontos.

O que podemos deixar de lado na formatação do preço de vendas - como disse, salvo o serviço de cortesia, podemos cobrar ou não os custos de produção, nosso lucro e também as comissões de venda.

Levando-se em conta que já sabemos a quantidade das etiquetas, tamanhos, medidas, quantidades, acabamentos, etc., o que compõe um custo de rótulos básico:

  1. matéria prima - o tipo de substrato envolvido no projeto do rótulo, este deve ser cobrado 100% e deve ter seu cálculo acrescido das perdas no processo, por exemplo: se precisamos fazer 10000 etiquetas e sabemos que temos uma perda média e 10% teremos que calcular a matéria prima para 11000 etiquetas, que é nossa margem de desperdício;
  2. Tintas - se for uma etiqueta impressa a tinta pode compor apenas 1% do valor total do impresso ( no caso de uma pequena imagem a uma cor localizada em 30% da área da etiqueta) como pode participar em até 10% do custo da etiqueta no caso de um chapado por exemplo que ocupa a área toda da etiqueta, ou seja, o consumo de tinta é grande no processo de fabricação, em alguns casos pode chegar a consumos na ordem de quilos e não gramas (como é o caso de cromias e tiragens pequenas);
  3. Clichês - devem ser cobrados ou de uma única vez ou em parcelas diluídas em pedidos do mesmo item, por exemplo: um cliente tem um pedido de 60 mil etiquetas, divididos em 3 entregas, então dividimos o custo dos clichês por entrega (Nota fiscal), fica mais simples a cobrança e mais baixo o custo por entrega (valores menores por nota fiscal);
  4. Facas - devemos cobrar ou não, isso depende de quanto esta faca pode ser reaproveitada. Eu sou sempre da opinião que mesmo uma faca padrão 40x40 por exemplo que serve para inúmeros clientes e trabalho deve ter um valor de "contribuição" para cada pedido e cliente. Isto se deve ao fato de termos que um dia repor a ferramenta que sofrerá desgastes, e isso deve ter sido compensado pelas vezes que ela entra na máquina;
  5. dupla face - hoje usamos dupla face de custo bastante considerável em flexo. Um rolo gira entre R$700,00 a R$1500,00 o que corresponde no menor valor a aproximadamente R$0,007 por centímetro quadrado e no custo mais alto corresponde a quase R$0,014 por centímetro. Isto quer dizer que para colar um clichê de 12" de comprimento por largura de 100mm temos um investimento de R$2,13 a R$4,26 por clichê colado. Se for uma cromia pode chegar a R$17,04 só de dupla face. Pode parecer pouco, mas somem isso a 3 modelos do mesmo cliente, depois a 5 ou 6 tiragens destas por dia ao fim do mês o custo de dupla face começa a ficar pesado;
  6. Hora máquina - este é um fator que varia de empresa para empresa e de máquina para máquina. Podemos ter máquinas em um parque gráfico com o custo hora de pouco mais de R$60,00 até máquinas que podem ter custos projetados entre R$200,00 até R$300,00 a hora. Tudo depende da estrutura da empresa, seus custos fixos, valor da máquina, depreciação, salário dos operadores, etapas envolvidas, etc. Quando falo de custo hora máquina já englobei no meu conceito o custo de cortadeira, impressora e rebobinadeira;
  7. embalagem - no custo de embalagem entram as caixas, os saquinhos de proteção do rótulos ou o filme stretch, a fita adesiva, as etiquetas de identificação da caixa e a área ocupada pela caixa durante o período de aguardo de embarque. Sim, temos que calcular quanto custa a área ocupada por um produto acabado que ainda não foi embarcado para o cliente, espaço custa dinheiro, mas espaço ocupado mais dinheiro empatado.
Estes são os itens básicos que devemos computar para formar o preço de venda mas ainda tem os acabamentos que podem ser agregados no rótulo como:
  • hot-stamping - se for online, computar o custo dos cilindros, se for off-line hora máquina do repasse e o clichê. também devemos incluir o custo da fita utilizada com a sua devida margem de perdas;
  • cold-stamping - como o hot-stamping devemos computar a hora máquina ou preparação e o valor da fita e clichê gastos;
  • Dados variáveis - se for online todos os insumos envolvidos como fitas de termotransferência, toner, tintas inkjet, etc. Se for off-line, somar o custo hora máquina e custos de fitas, tintas ou toner utilizados;
  • Laminação - se online somar os custos da fita para laminar, se for off-line além da fita o custo extra de repasse hora máquina;
  • Acabamentos com aplicação de ilhoses ou sanfonamento da etiqueta (rótulos bula) - computar as horas gastas tanto máquina quanto pessoal e os insumos envolvidos;
  • e para todos os outras etapas off-line ou que necessitem agregar insumos estes devem ser incluídos no custo de produção para que sejam devidamente cobrados, pois insumo o cliente compra 100% lembram? O que podemos deixar de cobrar é o nosso lucro.
Uma vez que somamos tudo o que precisa para fabricar, horas necessárias para executar e pessoas que devem ser utilizadas para realizar vamos agora sobre estes valores acrescentar o seguinte:
  • Comissão dos vendedores - o vendedor precisa ser remunerado pela venda, e essa remuneração é gerada pela comissão de vendas, por isso deve ser incluído agora no cálculo;
  • comissão de agência - no caso de ter uma agência intermediando a venda, temos que calcular o valor que lhe cabe;
  • Serviços de terceiros - quando precisamos enviar o trabalho para ser finalizado ou trabalhado por outra empresa ou pessoa, caso muito comum com a off-set que terceiriza o corte e vinco com outras empresas;
  • Impostos - estes são cobrados 100% do cliente, não tem como assumir estes valores. Devemos incluir os impostos nos cálculos de acordo com a região do país e com o regime da empresa.
  • Lucro da empresa - aqui é o quanto você quer, necessita ou pretende ganhar pela venda do trabalho e pelo produto que esta desenvolvendo.
Feito isso é só realizar o cálculo e você chega ao preço de vendas.
Difícil? Pode parecer mas hoje é bem fácil, existem inúmeros softwares que realizam esta tarefa de forma simples e direta sem a necessidade de uma única conta na calculadora.
Mas também é bem fácil realizar esta tarefa de cálculo com uma calculadora simples, nem precisa ser uma HP 11C financeira ou cientifica, basta levantar os valores de cada etapa, somar e aplicar a fórmula de preço de vendas.
Ainda ficou com dúvidas? Entre em contato e saiba mais sobre o assunto.

Um comentário:

  1. tenho uma gráfica convencional off-set, e queria agregar valores, entrando no ramo de flexo, porém não tenho conhecimento, qual o lucro, se o mercado ainda permite a entrada de novos parceiros no mercado, ou se já esta saturado. E ainda qual o equipamento a adquirir? Pode me ajudar nestas dúvidas/

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