O que é velocidade de máquina ou velocidade mecânica?


Quando estamos diante do fornecedor de uma máquina é comum que a curiosidade nos faça perguntar qual a velocidade da máquina, o fornecedor, todo orgulhoso nos diz: "Esta máquina roda a 100 metros por minuto!"

Bem, é de certo ponto verdade, pois a velocidade que ele falou é a velocidade de projeto, com a máquinas "vazia", sem carga e rodando sem produção ou produto.

É o que podemos chamar de velocidade de projeto, no qual os elementos mecânicos e elementos de máquinas, acoplados e devidamente engrenados podem girar o se movimentar, promovendo os movimentos que esperamos da máquina sem que estas peças colapsem, desmontem, quebrem ou travem.

Muitas vezes, esta velocidade também não é 100% aferida corretamente sendo em grande parte estimada. Para ter certeza da velocidade precisaríamos de elementos para medir que fossem aferidos e calibrados e colocar certa carga em cada eixo ou elemento para que a inércia seja compensada tanto na aceleração quanto na desaceleração e para que os eixos oferecessem algum tipo de resistência para que a leitura da velocidade e RPM seja mais precisa.

Isso não acontece no fabricante de máquina. Os fabricantes montam equipamentos comerciais, como os contadores, sensores e medidores de RPM que possuem uma calibração genérica feita pelo fornecedor e são montados sem que haja o refinamento nos ajustes, o que pode dar uma diferença na velocidade real e a do display do equipamento.

Alguns ajustes nestes contadores e sensores, utilização de equipamentos mais refinados, de qualidade e que permitem mais sensibilidade e maior curva de leitura e reprodução permitiriam uma leitura das velocidades e RPM das máquinas com menos variações e menor desvio.

A realidade no entanto, quando a máquina chega em nossa empresa é exatamente outra, cada trabalho e cada geometria de corte ou substrato colocado em máquina nos permite rodar a máquina a uma velocidade sem que haja dano ao impresso ou produto, e esta muito abaixo da velocidade que o "vendedor" nos informou na Feira, Evento ou no Catálogo da mesma.

Outro problema corriqueiro é que, muitas máquinas, são projetadas, fabricadas e até comercializadas sem nunca terem sido colocadas a prova. E quando digo PROVA, falo de colocar um impressor, abastecendo a máquina com tinta comercial, clichês e dupla face tradicionais e alimentar com substrato de produção e executar de verdade um trabalho do começo ao fim, rodando com velocidades até o limite e tudo isso sendo anotado para correções e melhorias.

Tinteiros ao aumentar a velocidade transbordam, sistemas de freio de desbobinamento e tensão de rebobinamento não respondem apropriadamente, falta de cilindros compensadores para amortecer a tensão de pico e sistema de retirada de esqueleto não suavizam a puxada no início (iniciar com atraso) para compensar a inércia e não estourar (quebrar).

Os sistemas de afastamento de grupos impressores e anilox acoplam e desacoplam de forma não muito funcional, que pode em dado momento romper o substrato, caso este seja muito fino ou ainda não estarem na velocidade periférica apropriada para evitar o desencaixe, e tantos outros pontos a se numerar.

Por isso, quando ouvimos falar que uma máquina (no catálogo) roda a 150m/min devemos ter em mente que a máquina esta vazia, sem tinta, sem papel, sem trabalho e sem nenhum anilox, rolos e cilindros acoplados, é uma velocidade mecânica. A velocidade real é aquela em que o trabalho que você dimensionou junto com os cilindros anilox, porta clichês, facas de raspagem, tinta, cilindros faca, geometria do esqueleto e ajustes de tensão de substrato permitem você chegar.

Pode ser que trabalhos mais simples e cortes mais básicos permitam você chegar até uns 100 m/mim, não é raro em máquinas modulares bem reguladas, como pode em alguns casos um trabalho não passar de pouco mais mais de 30 a 40m/min além de muitas paradas para emendar esqueleto e limpar tintas que transbordaram.

Importante reconhecer que os insumos envolvidos são fatores limitadores de velocidade de máquina, assim como a experiência e segurança do impressor e a qualidade final que se destina o produto interferem no desempenho da máquina. O fator tempo é outro, como em geral todos os trabalhos já chegam na fábrica "pra ontem", acabamos por sacrificar um pouco a qualidade em prol de rodar "mais rapidinho". 

Isso me fez lembrar de um empresário conhecido que dizia para os impressores sempre que ele entrava no setor de impressão da fábrica: "é pra rodar no 10!" (referencia da marca do potenciômetro no fim do curso), ou seja, era para rodar no máximo.

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