Como é feita a distribuição dos custos na empresa?

 


Ao montar uma empresa nos vemos cercados de boletos, taxas, contas entre outros valores a pagar que desconhecíamos quando em algum momento éramos simples empregados CLT.

Uma empresa é formada basicamente de setores. Administração, Produção, Estoque e Expedição são muito conhecidos e facilmente lembrados. Mas em cada setor destes existe micro setores ou subdivisões que consomem recursos não só físicos mas principalmente financeiros.

Algumas empresas possuem ainda o setor de vendas outras o englobam juntamente com o de administração. 

Mas, uma verdade é certa, todos eles consomem recursos e diria, sem medo de errar que, na indústria de transformação a qual nossas empresas de rótulos, embalagens e conversão estão incluídas mais de 90% (noventa por cento) deste setores não geram renda, em outras palavras "só gastam"!

Vou explicar, dentro do setor de administração esta a recepção, importante porta de entrada e de triagem de ligações telefônicas e contatos, ponte de partida para o cliente conhecer nossa empresas. Este setor por mais que seja importante não gera nada de renda para nós. 

Surpreso? Não fique, você gerente, em geral também não produz nada, só consome.

Mas como assim? Impossível, sou útil, sem mim a empresa não anda! 

Este talvez seja o discurso de quem se sentiu ameaçado, mas a verdade deve ser dita.

Quem sustenta a empresa, em quase sua totalidade é o setor de produção. Aquele lugarzinho que muitos gerentes quiçá pisaram algum dia. É no setor de impressão em harmonia com o estoque e expedição, que chamamos de produção, é ai que a mágica de "fabricar dinheiro" acontece.

O vendedor, pode achar que produz "capital" para empresa, mas ele é, sem ofender este nobre profissional, é uma simples ponte que tira pedidos e preenche fichas (formulários) necessários para que a produção oriente-se e construa o objeto de desejo do cliente.

Então, temos setores que dependem 100% da produção? 

Sim, exatamente isso, até você investidor que montou sua empresa e fez aquele MBA EAD de alguma faculdade famosa, sem a produção não recebe nada.

Para que uma empresa não quebre e funcione precisamos cobrar de nossos clientes por estes investimentos. Os salários dos funcionários, os equipamentos imobilizados, o aluguel do prédio, a energia elétrica, água, esgoto, telefone, prolabore etc, que fazem parte deste investimento que se chama empresa, e quem paga por isso é o cliente através da aquisição do produto.

Agora chegamos a uma bela "sinuca de bico", como cobrar de maneira justa e palatável entre os clientes valores agregados aos produtos para que a empresa seja promissora e rentável?

Para isso existem diversas fórmulas, métodos e conceitos que podem ser aplicados de forma isolada ou em conjunto, dependendo de como e onde sua empresa esta inserida e qual o ramo de atividade atua.

A forma mais fácil de se chegar a este equilíbrio é fazendo o rateio de custos entre os setores e assim chegar em um fator multiplicador que auxilia na formação do preço de vendas por assim dizer.

Claro que a explicação acima é bem, mas bem genérica mesmo, não é tão simples mas também não é um "bicho de sete cabeças".

Uma maneira bem conhecida de se fazer a divisão é pelo método RKW -  Reichskuratorium für Wirtschaftlichkeit - que nada mais é que uma técnica que surgiu na Alemanha e consiste no rateio não só dos custos de produção como também de todas as despesas da empresa que incluem financeiras e de produtos.

Em resumo, esta técnica baseia-se na alocação dos custos e despesas aos diversos setores e


departamentos da empresa para depois proceder várias series de rateios. Estes rateios no final vão incidir exclusivamente nos produtos fabricados, convertidos ou transformados.

Este é um método que segundo Padoveze (2010, p. 284), "Preço de transferência é o valor obtido pelo método de mensuração da receita dos produtos e serviços transferidos internamente".

Para ser mais claro no que diz respeito ao RKW, podemos definir a sua estrutura básica como sendo:

  1. Separação dos custos em itens; 
  2. Divisão da empresa em centros de custos; 
  3. Identificação dos custos com os centros; 
  4. Distribuição dos centros indiretos até os diretos e 
  5. Distribuição dos custos dos centros diretos aos produtos.
Uma outra explicação sobre a forma como é realizado o RKW pode ser vista abaixo

  • separar os custos em itens;
  • dividir a empresa em centros de custos por homogeneidade;
  • identificar os custos com os centros;
  • redistribuir os custos dos centros indiretos aos diretos;
  • identificar os custos dos centros diretos com os produtos.
Os custos, de forma bem simplificada podem ser descritos como:
  • Custos Diretos: São atribuídos diretamente aos produtos. Esses incluem custos como matéria-prima e mão de obra diretamente envolvida na fabricação do produto.
  • Custos Indiretos: Envolvem despesas que, embora não estejam diretamente relacionadas a um produto específico, são essenciais para a operação geral da empresa, como energia elétrica, salários administrativos e despesas financeiras.
Claro que nem tudo são flores ou que este método possa garantir 100% de sucesso em todas as empresas, negócios ou produtos. O RKW oferece uma visão completa dos custos mas, temos que avaliar outros fatores em conjunto e recálculos devem ser feitos periodicamente já que o RKW em si não considera as condições de mercado. Por não levar em consideração as condições de mercado haverá em algum momento inconsistência que podem prejudicar a competitividade de preços. Isto quer dizer que se você atua em mercados extremamente competitivo ele pode não ter a eficácia desejada.
Buscar a orientação de um profissional ou consultor nestes casos se faz necessário para que os ajustes no método sejam feitos.
É dever do administrador (ou a pessoa a quem ele delegou a tarefa de ser o guardião do RKW), sempre atualizar as planilhas e tabelas para correções de desvios que são influenciados por aumentos de taxas, variações cambiais e de salários, alterações no cenário político e bancários etc.
Caso precise ou deseje mais informações de como elaborar um RKW entrem em contato: flexonews.br@gmail.com

PADOVEZE, C. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. 7.ed. Atlas, 2010

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