terça-feira, 20 de outubro de 2020

Quanto eu devo calcular a mais de matéria prima?

 


Esta ai uma pergunta que muitos orçamentistas, donos de empresas e até impressores me fazem mas, que sobra para o rapaz do estoque esta dura missão e é nele que vai recair a responsabilidade de perdas ou falta de material.

Vou contar um pouco de história de minha trajetória para vocês entenderem o conceito do título desta matéria ok.

Eu comecei minha carreira na indústria gráfica após sair formado do SENAI Theobaldo de Nigris como impressor (era mais um ajudante diplomado que um impressor realizado confesso), mas eu lembro bem que impressor, seja ela com a melhor formação que existe ou com o mínimo conhecimento adquirido tem um problema sério com números e com a atenção em máquina.

Se o Rapaz do estoque, enviar para produção a conta correta de material o impressor reclama que: "Assim não dá, vai faltar!" Se manda material a mais o impressor roda tudo e mais um pouco e inclusive ajusta a impressão no material do cliente (ou material da produção).


O impressor é um "oportunista nato", se tiver material limpo, novo, na bobina jumbo que não vai precisar de troca, ele acha que é capaz de ajustar a impressão nesta bobina sem perdas e ARRISCA ajustar 4 cores + 2 pantone e faca especial em um bopp metalizado importado... já viu que vai dar ruim né!

Alguns impressores eram apelidados pelos encarregados de "cupins de papel" outros eram comparados a "ferrugem" devido a voracidade com que comiam (destruíam) papel.

Por isso, oferta de mais de papel é um problema, e não é só problema em pequenas empresas (que acredito serem mais conscientes), mas em grandes empresas a coisa é pior, pois alguns impressores pensam "O patrão é rico, não tem problema usar um pouco de material." outros ainda afirma que só conseguem fazer os ajustes de cor e registro no papel do cliente em outro não dá... bem não é bem assim, mas em parte é até necessário usar um pouco do material do cliente para os ajustes finais de cor, registro e corte.

Mas, vamos lá, agora que você conhecem um pouco do que pode acontecer qual é quantidade de material extra que devo fornecer ao meu impressor para produção de um trabalho?

Novamente, depende do trabalho, dificuldades técnicas, preço de vendas (na formação do orçamento já se contempla muito do que vamos enfrentar por isso o material já estará calculado e previsto), facilidade ou melhor capacidade do impressor em desenvolver aquele trabalho ou experiência dele no equipamento que esta operando, entre outros.

Em geral e dependendo da quantidade final a ser fabricada a porcentagens estão entre 3% a 15%, claro que excluindo-se o material necessário para os ajustes de registro, corte e cores.

Mas não é regra, já presenciei serem necessários 1000 metros lineares de material nobre, virgem, para produção de somente 300 metros de material para entregar a clientes onde neste caso específico de material era um produto especial para bens duráveis com múltiplas etapas. Mas também vi em etiquetas de automação não gastarem nem 20 metros lineares de material para ajustar a faca, tubete e alinhamento de material na máquina, perda quase 0 (zero).

Mas, não podemos deixar toda a culpa para o impressor ou acusar ele de ser um devorador de papel, maquinas mal reguladas, mal ajustadas, fabricadas sem critérios, cilindros com batimento, engrenagens fora de centro ou de dentes gastos, tintas contaminadas, contra facas ruins e facas com dentes ou cegas, sem alinhamento e com problemas de rebobinamento e papéis com pouca área de retirada de esqueleto, podem comprometer o desempenho do melhor impressor que exista e assim fazer com ele consuma muito mais material e receba a culpa do desperdício, quando nestes casos a culpa é do equipamento ou escolha da largura (por exemplo) da matéria prima.

Vejam, não estou dizendo que todo impressor e um devorador de papel sem noção, muito pelo contrário, mas é comum recair sobre ele muitos dos problemas relacionados ao consumo de material. Por isso frisei bem o que ocorre e os outros problemas relacionados a perda que estão ligados a ajustes e comportamento de máquinas. Em mais de 35 anos de atuação no segmento boa parte destes anos passei como impressor, depois fui a líder, encarregado e até gerenciando e coordenando equipe. Hoje, no entanto, atuo quase que 100% do tempo dedicado a flexografia à assessoria e consultoria para indústrias do segmento flexo de banda estreita.

Quer saber mais? Entre em contato: flexonews.br@gmail.com

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