Fabricar máquinas é uma arte. Mas não é uma arte isolada que dependa de algum talento nato como a gente vê em Picasso, Michelangelo ou Da Vinci.
Outas técnicas são necessárias como conhecimento de engenharia mecânica e elétrica em alguns casos pneumática e até hidráulica. O estado da arte como designer claro que é a cereja do bolo em um equipamento para que ele se torne funcional e bonito ao mesmo tempo, com linhas futuristas que lembram até um complemento da Millennium Falcon do comandante Han Solo de Star Wars.
Tendo como parâmetro a dita nave da franquia de George Lucas (Disney), a complexidade em eletrônica e elementos eletromecânicos se tornam realmente necessários em nossos equipamentos de impressão flexográfica?
Tudo depende do que você pretende fazer com a máquina e principalmente do quanto esta disposto a pagar.
Se o seu objetivo é fazer etiquetas para atender o mercado de etiquetas para marketplaces como as já famosas 40x25mm e 100x150mm em papel térmico, uma troqueladora, que tenha uma estação de corte, um eixo rebobinador de 1" (uma polegada), controladas com um inversor de frequência movidas com um motor de 1CV (um cavalo) e um contador de metragens é suficiente para que, sem muito treinamento ou preparo técnico você em alguns minutos já seja um convertedor de etiquetas capaz até de ser membro da ABIEA (Associação Brasileira das Indústrias de Rótulos e Etiquetas Adesivas).
Agora se seu objetivo é produzir rótulos a 5 cores, com laminação, dobras especiais no estilo bula, delaminação e impressão sobre o adesivo, cortes e perfurações especiais, a descrição mecânica e elétrica da troqueladora não seriam possíveis.
Quanto maior a complexidade do trabalho que deseja produzir com sua máquina, tanto maior será a quantidade de acessórios e dispositivos mecânicos, eletrônicos, pneumáticos e de controles que serão necessários para a conversão de uma simples bobina de papel couchê adesivado em um rótulo multicor com alto valor agregado que será utilizado como complemento visual na decisão ou não da compra por parte do cliente que observa o produto em uma vitrine.
E ai que esta a questão que reflete o título deste post: Qual tecnologia devemos utilizar, componentes discretos ou equipamentos sofisticados informatizados na fabricação de nossas máquinas?
Antes porém de falar qual devemos utilizar devemos considerar uma outra questão, a localidade que estas máquinas vão operar.
Máquinas extremamente sofisticadas precisam de pelo menos duas coisas:
- uma equipe de profissionais para operar (rodar a máquina) treinada e experiente
- uma equipe de manutenção e suporte de peças a uma distância considerável para minimizar tempo e custos de deslocamento
Claro que com a facilidade das compras online, das logísticas de entregas, morar na Cabeça do Cachorro no extremo noroeste do Brasil permite que mesmo que você não tenha uma loja especializada em equipamentos eletrônicos ou uma equipe próxima em sua região, você consiga adquirir uma peça de reposição paralela ou mesmo de um fornecedor em um tempo relativamente curto.
Este tempo mesmo que menor hoje por conta deste fator existe e é muito maior que algumas horas, podendo ser de dias e até semanas.
Já se as máquinas utilizam equipamentos discretos, que são equipamentos eletromecânicos mais simples como relés, contatoras, inversores de fabricação e programação mais simplificadas, a aquisição destas peças e partes assim como encontrar algum profissional que possa fazer esta manutenção é muito mais simples.
Mas nada é difícil ou impossível se você tem um bom "caixa". Se você tem uma empresa com uma excelente saúde financeira e consegue, com o investimento realizado, agregar valor a seu produto e assim obter lucro nas vendas destes produtos, convertidos, fabricados ou processados por estas máquinas mais sofisticadas e repletas de CLPs e tecnologia embarcada, não importa onde esteja, até mesmo no Alasca vai conseguir se sair bem.
O que realmente precisamos são de equipamentos e tecnologias mínimas para que a máquina possa operar sem paradas ou ocorrências, sejam simples de entender pelos operadores e técnicos de manutenção e possam ser, se necessário, serem substituídas facilmente sem que as intervenções para manutenção impactem de forma negativa ou prejudicial ao planejamento de produção.
E como saber o que precisamos e qual máquina adquirir baseado nestes parâmetros?
Claro que o primeiro fator já dito é o que se deseja fazer e baseado nisso vem a segunda pergunta, quanto podemos ou temos para gastar. Depois, necessitamos avaliar onde esta máquina será montada e quais outros investimentos temos que fazer em peças de reposição de estoque, de equipe de manutenção e treinamento para elas, equipe para operar a máquina, condições de alimentação de energia, linha de ar, hidráulica, climatização e demais condições de montagem e operação.
Não devemos esquecer que certas máquinas precisam ser montadas e tem entrega técnica que requer planejamento, logística para acomodação dos técnicos das empresas que montam estas máquinas, estadia de hotel, passagens e transporte da máquina e de toda equipe, em alguns casos até pedreiros são necessários para reforço do piso ou abertura de portas para entrar com as partes das máquinas.
Então não existe uma resposta que seja devemos investir em alta tecnologia ou devemos nos esquivar delas, o que deve existir é uma análise da situação em que nos encontramos e o que queremos com o investimento que fazemos e quanto estamos dispostos a nos adaptar para que o que for adquirido realmente atenda ao que foi planejado.